quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Um mundo humano que aqui viva (Fayga Paim)


Onde vive a obra? Provavelmente bem mais próximo do que possamos acreditar. Talvez dentro de nós mesmos, no que existe de mais ordinário em cada um. Não diante de nossos olhos, mas atrás deles, nas nossas cavernas escuras, à beira de nossos abismos, no lugar do indizível, à espera de alguma luz.  Luz que seja capaz de deixar entrever aquilo que não pode ser visto.
Por isto eu lanço teias. Para capturar fragmentos que eu junto para tentar dar forma ao mundo. Esta é uma teia que vem sendo construída há muitos anos. Uma grande teia de sedução. Como uma grande aranha que lança seus tentáculos em busca de pequenos restos, quem sabe para tecer ou devorar. Lanço os meus tentáculos e construo minhas teias. Estou à procura de um sentido ou algo que dê um sentido a tudo isto. Quero voltar no tempo, tecer a memória, encontrar novas saídas, buscar novos caminhos, mas quero também, ter acesso a lugares, pessoas e sonhos que ficaram perdidos e que preciso reencontrar.
Neste trabalho que eu chamo, “um mundo humano que aqui viva”, frase da escritora Maria Gabriela Lansol, eu desenho redes, rendas, teias sobre vidros de janelas tentando criar um acesso entre o apreensível e o inapreensível.

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