sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Proposta integrada entre exposição e mediação

O curador de uma exposição trabalha diretamente na organização de informações e conceitos articulados num dado espaço. Pensar o espaço expositivo está diretamente ligado às funções desse espaço e às suas características intrínsecas, em conexão com as obras com as quais devem construir um diálogo ativo. Na contemporaneidade, a concepção curatorial, através de suas escolhas, procura oferecer a possibilidade de múltiplas leituras, proporcionando ao visitante uma experiência aberta que se constitui e se completa verdadeiramente na individualidade do sujeito.

O curador educativo atua na exposição potencializando a construção de sentidos e de um ambiente que evidencie os contextos presentes nesta plataforma de apresentação e fruição da arte, criando ambientes que estimulam o encontro entre o público e o contexto criado junto com o curador. Isso pode ser pensado em todo processo da exposição, deste o início, no convite aos artistas que participarão da mostra, na escolha das obras que serão apresentadas e na sua disposição, na criação de ações que proporcionem fruição e reflexão, e na formação e atualização de todos os profissionais que trabalham diretamente com o público. A criação deste ambiente difere completamente das propostas educativas escolares com o estímulo à exploração das exposições a partir de vivências de observação e construção de sentido, proporcionando uma experiência instigante porém sem um compromisso formal com o ensino ou com um aproveitamento didático.

Onde vive a obra?

A obra de arte contemporânea pode ser múltipla e complexa, mas quais são as reações que ela provoca? Em que medida nos identificamos com suas questões? Essas perguntas não são somente merecedoras de respostas como de uma reflexão contínua e provocativa para o público participante de uma exposição.

Ao questionarmos “onde vive a obra?” não poderíamos deixar de buscar respostas ou novas indagações partilhadas com o público desta exposição. Assim, criamos algumas sutis intervenções, proposições que além de gerar reflexões pudessem proporcionar ao visitante vários diálogos e formas de se relacionar com a exposição.

O olhar assim como todos os sentidos, são grandes agentes do processo de mediação, e considerando esse importante fator serão realizadas diferentes provocações. A mediação em “Onde Vive a Obra?” irá acontecer valorizando a autonomia do público. Além de frases e textos disponíveis para manipulação e re-criação, acontecerá também uma performance que irá intervir diretamente no espaço de exposição, atuando junto a todos os envolvidos: público, artistas, educadores e curadores. Pensando o conceito de fragmento que perpassa toda a lógica de formatação da exposição, a curadoria educativa adota o mesmo critério na construção de estratégias que favoreçam a aproximação do contexto da exposição e das obras com o público em geral. 

Devemos olhar para onde? Para quê?
A obra vive em você?

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